domingo, 29 de junho de 2008

1958 - O ANO QUE FICOU NA HISTÓRIA




Passei uma manhã de domingo muito agradável ouvindo as deliciosas músicas de 1958, no programa do Santana Fernandes - "Porque hoje é domingo", e a imaginação correu solta pelo túnel do tempo...

1958 foi um ano marcante para mim, por várias razões, inclusive uma bem triste que foi o retorno dos meus avós maternos para Portugal.


Meu avô, homem corajoso e decidido, resolveu voltar para sua terra ( já tendo mais de 70 anos) para começar uma nova vida, plantando e construindo uma casa confortável para ele e minha avó, que muito triste ficou com a separação da única filha e netos.

O Brasil trouxe a Copa, e pela primeira vez acompanhei e torci muito pela seleção brasileira, suspirando nos meus treze anos pelo Belini, assim como todas as moças da época.

Mas, o melhor de tudo foi a tradicional Estação de Águas em São Lourenço, durante o mês de julho.

Meus pais batizaram o Serginho, filho do Nestor e Anita, nossos queridos amigos e fotógrafos do Parque das Águas. Na foto, tirada pela Anita, minha família posa junto do Nestor e de outra amiga muito querida que era a dona Maria, irmã da dona Glória, do Hotel Eldorado. Ela junto dos filhos participou da cerimônia do batizado.





Nesta outra foto, eu, minha mãe, irmãos e uma amiga de temporada, posamos perto da antiga entrada do Parque, e emoldurados pelos magníficos ciprestes que se erguiam junto ao Balneário.









E se não estou equivocada, esses ciprestes são os mesmos que aparecem nesta atualíssima foto que tirei no mês de junho de 2008.








quarta-feira, 25 de junho de 2008

ONDE EU MORO PASSA O TREM...

Nasci em frente a uma estação ferroviária, no Rio de Janeiro.

Não sei se por isso, sempre gostei de trem, a casa que anda sobre trilhos.


Hoje moro onde o trem passa, e novamente ele faz parte da minha vida.


O trem tem um fascínio que mexe com as pessoas.

Quem está dentro fica feliz acenando para aqueles que tambem se detém, encantados, somente para ver o cavalo-de-ferro passar com toda a sua imponência enfumaçada.


Outro dia, estava eu chegando perto da Estação, enquanto o trem saía lentamente pelo portão envolto numa magnífica fumaça branca.

E lá fiquei eu emocionada, vendo aquela tão antiga e bela locomotiva passar bem junto de mim. Foi só o tempo de pegar a máquina e fotografá-lo em todo o seu esplendor.


E foi delicioso apreciar os turistas acenando para mim, que lá estava a fotografá-los !











quinta-feira, 19 de junho de 2008

JUNHO EM SÃO LOURENÇO

Noite fria, tão fria de junho, os balões lá no céu vão subindo, entre as nuvens aos poucos sumindo envoltos num tênue véu...

O mês de junho sempre foi para mim cercado de magia e romantismo com seus dias frios e as noites estreladas.
A neblina envolve a cidade e as serras nas primeiras horas do amanhecer, criando um clima de mistério e beleza.


Este ano já tivemos alguns desses momentos mágicos, quando à noite a neblina desce sobre a cidade e encobre casas e ruas.

Meus pais contavam que aqui viveram um momento surreal quando saindo de uma visita ao meu tio Manoel, ( que na década de 1970 aqui morava, num sobradinho ao lado do Hotel Londres) foram totalmente envolvidos por uma forte neblina que não deixava enxergar "um palmo adiante do nariz". E lá foram os dois tateando as paredes até chegar em nossa casa, ao lado do Hotel Sul America.
Essa história foi contada e recontada para a família por muitos e muitos anos, e até hoje faz parte das minhas lembranças mágicas.

Nas fotos:
- As grandiosas paineiras da Estação, agora sem folhas, e carregadas de frutos
- A beleza da neblina no campo
- O bairro ao longe encoberto pela névoa da manhã






quarta-feira, 11 de junho de 2008

MOMENTOS FELIZES EM SÃO LOURENÇO


Passar a lua-de-mel em São Lourenço era uma tradição para muitos cariocas, que aqui vinham viver momentos de felicidade e encantamento no lindo Parque das Águas.
Meus pais não fugiram à regra e aqui estão, emoldurados pelas magníficas hortênsias, numa pose compenetrada em janeiro de 1944 .






Meus avós paternos, e meu tio Alberto solteirão, vinham 2 vezes por ano, hospedando-se, nos anos 40, no antigo Hotel Silva, de um patrício deles, o "velho Silva" como era chamado carinhosamente o português que por cá chegou em busca de saúde, e em 1922 construiu o hotel. Ainda hoje o Hotel Silva existe, com o nome de Paraíso, mas mantendo a sua bela arquitetura dos anos 20.

Como a minha família amou essas terras !
Quantos cartões postais eram enviados, para os que aqui não estavam, contando das delícias por aqui vividas.

E as imensas e azuis hortênsias faziam fundo para as fotos que serviam de lembrança da Estação de Águas em São Lourenço.
Meu tio Alberto, o solteirão, estava sempre cercado de moças, que aqui fizeram pose junto com as altíssimas hortênsias.
Amizades de verão...
Pena a foto não ser colorida !



quinta-feira, 5 de junho de 2008

DIA DO MEIO-AMBIENTE

A "carta do índio", como ficou popularmente conhecida, é um dos ícones dos ambientalistas, não importando se é verdadeira ou não. Suas sábias palavras comovem o homem branco consciente e dão alguns alertas assustadores.

É longa, mas compensa o tempo ganho (não perdido) com sua leitura.




CARTA DO CACIQUE SEATTLE

Esta carta foi enviada pelo cacique Seattle, da tribo Dawamish, ao presidente dos EUA , Franklin Pearce, no ano de 1855, em resposta a uma oferta de compra da terra dos índios.

“O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o chefe Seattle diz, com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.
Minhas palavras são como as estrelas, elas não empalidecem nunca.
Como podes comprar ou vender o céu e o calor da terra ? Tal idéia é-nos muito estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los ?
Cada torrão desta terra é sagrado para o meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados, nas tradições e na consciência do meu povo.
A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do índio. O homem branco esquece a sua terra natal, e depois de morto sai a vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do índio.
Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. As cristas rochosas, o verde das campinas e o calor que emana do corpo do mustangue, e o homem, todos pertencem à mesma família. Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar a nossa terra, ele exige muito de nós.
O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos os seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar a nossa terra, mas não vai ser fácil não, porque esta terra é para nós muito sagrada.
Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim, o sangue de nossos ancestrais.
Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada. E terás que ensinar a teus filhos que é sagrada, e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida do meu povo. O murmurejar da água é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se te vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele, um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã mas, sim, sua inimiga. E, depois de a conquistar, ele vai embora. Deixa para trás os túmulos dos seus antepassados e não se importa, arrebata a terra das mãos dos seus filhos e também não se importa. Ficam esquecidos, a sepultura do seu pai e o direito dos seus filhos à herança.
Ele trata, sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas, como ovelhas ou miçangas cintilantes. Sua voracidade arruinará a terra um dia, deixando para trás apenas um grande deserto. Não sei, nosso modo difere dos teus. A vista das tuas cidades causa tormento aos olhos do índio. Mas talvez isto seja assim, por ser o índio um selvagem que nada entende.
Não há sequer um lugar calmo na cidade do homem branco. Não há um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas, talvez assim seja, por ser eu um selvagem que nada compreende. O barulho parece apenas insultar os nossos ouvidos. E que vida é aquela se o homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo. Sou um índio e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiros.
O ar é precioso para o índio porque todas as criaturas respiram em comum – os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas, se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O ar que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida também recebe o nosso último suspiro. E, se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres. Assim, pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo-de-ferro pode ser mais importante que o bisão, que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossos filhos. O que é o homem sem os animais! Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito, um dia. Porque, tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.
Deves ensinar a teus filhos que, o chão debaixo dos teus pés são as cinzas de nossos antepassados. Para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos – que a terra é nossa mãe, que tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos, a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza.
Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida, ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sobre o peso da vergonha e, depois da derrota, passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias, eles não são muitos, mais algumas horas, mesmo uns invernos. E nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso !
Nem o homem branco, que tem um Deus que com ele passeia e conversa, como de amigo para amigo, pode ser isento do grande destino comum. Poderíamos ser irmãos apesar de tudo, vamos ver ! De uma coisa sabemos, que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir : o nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que O podes possuir, do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra, mas não podes. Ele é o Deus da humanidade inteira, e é igual sua piedade para com o índio e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é acumular de desprezo seu criador.
Os brancos também vão acabar um dia, talvez mais cedo do que todas as outras raças.
Continua poluindo a tua cama e hás de morrer, uma noite, sufocado em teus próprios dejetos.
Este destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar, como será quando todos os bisões forem massacrados e os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanadas por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata ? Tudo terá acabado. Onde estará a águia ? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça. É o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência.
Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com o que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite aos seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã.
Somos porém selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos e, por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos será para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último índio tiver partido e sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos, protege-a como nós a protegíamos. Nunca te esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse. E, com toda a tua força e teu poder, e todo o teu coração, conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos.
De uma coisa sabemos, o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é por Ele amada, e nem mesmo o homem branco pode evitar este nosso grande destino comum”

segunda-feira, 2 de junho de 2008

BELOS TEMPOS, BELAS CASAS...






Adoro olhar casas antigas, que com sua beleza nostálgica emocionam os corações mais sensíveis e delicados.

Morando numa cidade jovem como São Lourenço, tenho que garimpar bastante para encontrar essas jóias raras.






Enquanto em outras cidades mais idosas encontram-se essas relíquias a cada passo, na nossa adolescente São Lourenço fica cada vez mais difícil esse trabalho, pois como menina vaidosa que vai trocando de roupa sem parar, nossa cidade vai trocando belas e históricas construções antigas por, muitas vezes, frias e feias construções modernas.
É o progresso, dizem alguns...




Assim, vou fotografando esses exemplares de história viva, e desejando ardentemente que eles continuem de pé por muitos e muitos anos ainda.











Eis alguns de meus prédios preferidos, e os encantadores ladrilhos da Escola Melo Viana, que é esta linda construção em azul e branco.