quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

TRENZINHO CAIPIRA

Trem de Minas, Trem Caipira, Trem das Águas...

Trenzinho Caipira - Heitor Villa Lobos

"Lá vai o trem com o menino, lá vai a vida a rodar.Lá vai ciranda e destino, cidade e noite a girar.
Lá vai o trem sem destino, pro dia novo encontrar.
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo mar.
Cantando pela serra ao luar. Correndo entre as estrelas a voar.
No ar, no ar..."


Que delícia é viajar de trem, principalmente na Maria Fumaça, sacolejando serra acima, galgando a Mantiqueira verdejante.

Eu adorava viajar para São Lourenço de trem.

Saíamos do Rio no "Vera Cruz", o famoso "trem de aço", que fazia a ligação Rio-São Paulo.
Em Cruzeiro, ficávamos esperando na estação pela Maria Fumaça, que nos levava até São Lourenço.
Viagem longa, que nos proporcionava momentos inesquecíveis, como a entrada no longo túnel, quando todas as janelas dos vagões eram fechadas pelos funcionários, e ainda assim, entrava um pouco de fumaça.

No alto da serra, crianças vinham oferecer as amoras silvestres, delicadamente embaladas em cestinhas de palha (ou bambu ?), e era impossível não comprá-las, fosse pela fruta encantadora, fosse pelas crianças simples que emocionavam aos turistas de grandes cidades.

A chegada na estação de São Lourenço era de uma emoção sem par.

E, depois de desfrutar deste paraíso durante os tradicionais 21 dias, antes da triste hora da partida, comprávamos doces e queijos na Miramar para presentear os parentes que aqui não estavam.
Todos da minha família agiam assim, e, desta forma, ao longo do ano, recebíamos mimos de São Lourenço, para relembrar as delícias que aqui existiam.

Nas fotos:
-o verde Rio Verde
- o trem apitando na curva
- a charrete que esperava na estação
- a bela construção da antiga Miramar


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tempos idos...

Meus avós paternos começaram a frequentar São Lourenço em 1942 para fazerem a famosa "estação de águas". Religiosamente bebiam as águas curativas, receitadas pelo médico do Parque, que durante 21 dias proporcionavam sáude para o corpo e o espírito.
Água em jejum, água depois do café, água antes do almoço, água depois do almoço...
E, no quarto e na mesa do restaurante, lá estava a tradicional garrafa de vidro branco, achatada, com a forte água gasosa, totalmente grátis, pois em terra de águas a água jorrava abundantemente para todos os aquáticos (ou veranistas) que aqui vinham desfrutar de suas maravilhas. Saudosos tempos idos...
Meu pai, um dia, quando eu era ainda bem jovem, disse-me que ele lembrava quando no Pavilhão tocava Madame Butterfly (a famosa ópera de Puccini), e eu fiquei impressionada, imaginando que aquela era a música "popular" da época (década de 1940). Que lindo !
Nas fotos estão o tradicional Pavilhão Central; a antiga e bela construção da Miramar, onde na grade acima da porta está escrito a data de sua construção - 1928; o branco e imponente Hotel Brasil, que já hospedou o presidente Getúlio Vargas, nas décadas de 1930 e 1950, e a charrete na praça da Estação.



domingo, 13 de janeiro de 2008

Conhecendo São Lourenço

Como explicar São Lourenço ? Como entender a estranha magia que existe nesta cidade ? Outras mais belas existem, com certeza, mas o que faz com que pessoas aqui cheguem e aqui fiquem, sem nem ao menos saber porque ?
São as águas, dirão alguns, e estão cobertos de razão, pois foi do milagre curativo das águas que São Lourenço nasceu.
Mas o perfume do ar...
E a neblina nas manhãs de inverno ?
E a beleza das noites estreladas?
E o maravilhoso perfume do ar puro depois das primeiras chuvas da primavera ?

"Quem parte de São Lourenço, não leva um lenço, leva um lençol", assim cantavam os veranistas em coro, quando acompanhavam aqueles coitadinhos que estavam embarcando (na rodoviária improvisada que existia na Getúlio Vargas), de volta para suas cidades. E que tristeza tão grande era descer a Serra da Mantiqueira, rumo ao Rio, deixando para trás a magia de São Lourenço. Quantas vezes eu ia chorando o caminho todo, e chorava mais ainda quando chegava no meu bairro tão feio, que não tinha a beleza e o ar puro daqui.
São Lourenço, São Lourenço, quem te conhece não esquece jamais...